O longa ambientado em 1858, dois anos antes da guerra Civil Americana conta a história do escravo Django ( Jamie Foxx) que é libertado por um ex-dentista e atual caçador de recompensa Dr. King Schultz ( Chrisotph Waltz). Eles partem em busca da amada do ex-escravo Broomhilda ( Kerry Washington), mas para isso terão de enfrentar o cruel fazendeiro Calvin Candie ( Leonardo Di Caprio), dono de uma fazenda chamada de Candyland, onde são realizadas lutas onde os escravos tem de se degladiarem até a morte. Além disso, na fazenda a dupla tem de lidar com a desconfiança do escravo de confiança de Candie, Stephen ( Samuel L. Jackson) que desconfia das reais intenções deles.
Os pontos fortes do longa são a fotografia e claro a direção de Tarantino. O cineasta usa e abusa de closes em determinados momentos da projeção, em especial quando ele quer ressaltar alguma ação de algum personagem. A violência, fator tão criticado por muitos e que é um elemento presente em todos os filmes do diretor, também está presente na película. Na época do lançamento do filme, o diretor Spike Lee criticou abertamente o cineasta, por abordar um tema tão polêmico quanto o que é tratado aqui: a questão da escravidão. Lee diz que ele foi desrespeitoso ao abordar esse tema e que seria uma forma de desrespeito à memória de seus ancestrais e que por isso não assistiria ao filme. Essa é uma rixa antiga desde os tempos em que Tarantino lançara Jackie Brown, uma homenagem aos filmes dos anos 70 da chamada blaxploitation, em 1997.
As atuações são outro ponto forte desse longa. Jamie Foxx faz um bom trabalho no papel de Django, Christoph Waltz empresta seu brilhantismo ao Dr. Schultz. Sua interpretação, por sinal lembra bastante a de outro personagem no último trabalho do diretor, Bastardos Inglórios de 2009, o coronel Hans Landa. Além de também ser alemão, o Dr. surge como uma versão mais "mocinho" do vilão Landa. Mas quem rouba a cena aqui é a dupla Di Caprio/ Jackson. Enquanto o astro parece a todo momento se divertir no papel do sádico fazendeiro, é Samuel L. Jackson quem brilha aqui no papel do escravo Stephen. Sempre questionado as ordens do patrão, no momento em que aparece em cena, já magnetiza a atenção do espectador. Stephen chega a ser assustador em alguns momentos e é mais um excelente trabalho de interpretação desse brilhante ator, ou como ele costuma dizer ao interpretar papéis de vilões " O maior fodão do planeta".
Para quem gosta de curiosidades, ai vão algumas. Como Tarantino sempre gosta de buscar referências a seus longas anteriores, aqui não é diferente. O próprio nome da amada do herói é um exemplo disso. Como é explicado no longa, Broomhilda é o nome de uma antiga lenda alemã e seu sobrenome Shaft, nos remete ao lendário detetive dos filmes dos anos 70, que por sinal ganhou uma refilmagem em 2000 estrelado justamente por Samuel L. Jackson. Outra referência interessante é o nome de um dos capangas de Candie, Crazy Craig Koons. Esse personagem seria, na cronologia Tarantinesca, o tataravô, ou bisavô ( me corrijam se estiver errado) do personagem de Bruce Willis em Pulp Fiction. Como já mencionara anteriormente, o cineasta é fã de faroeste e que forma melhor de homenagear esse gênero do que colocando no longa, um dos maiores ícones do chamado Western, o italiano Franco Nero, nada mais nada menos do que o Django original.
Para quem é fã do gênero, Django Livre vai agradar quem gosta de um bom faroeste e quem é fã do cineasta, não pode deixar de conferir mais esse belo trabalho dirigido por ele e que foi um dos indicados ao Oscar desse ano levando as estatuetas de Melhor Ator Coadjuvante ( Christoph Waltz, ganhando o prêmio pela segunda vez), e Roteiro Original ( Quentin Tarantino) além de ter sido indicado aos prêmios de Edição (Robert Richardson) , Edição de Som ( Wylie Stateman) e Melhor Filme. Pena o diretor não ter sido indicado na categoria de melhor diretor, mas enfim, coisas da Academia. Em suma, se você é fã de Westerns e do cineasta, pode conferir sem problemas, pois é um filme que mesmo sendo uma homenagem de um fã aos antigos faroestes de Sérgio Leone, não decepciona e faz jus ao gênero.